XIX do tempo comum
Festa de São Lourenço (†258), diácono e mártir. Indicou nos pobres o verdadeiro tesouro da Igreja. Memória de quem os serve em nome do Evangelho.
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XIX do tempo comum
Festa de São Lourenço (†258), diácono e mártir. Indicou nos pobres o verdadeiro tesouro da Igreja. Memória de quem os serve em nome do Evangelho.
Primeira Leitura
Sabedoria 18,6-9
Aquela noite fora de antemão conhecida por nossos pais,
para que, sabendo em que promessas tinham acreditado,
se sentissem encorajados.
Salmo responsorial
Salmo 32 (33)
Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.
Justos, aclamai o Senhor,
os corações retos devem louvá-l'O.
Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus,
o povo que Ele escolheu para sua herança.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor,
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.
Segunda Leitura
Hebreus 11,1-2.8-19
Ora a fé é garantia das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se vêem. Foi por ela que os antigos foram aprovados. Pela fé, Abraão, ao ser chamado, obedeceu e partiu para um lugar que havia de receber como herança e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, estabeleceu-se como estrangeiro na Terra Prometida, habitando em tendas, tal como Isaac e Jacob, co-herdeiros da mesma promessa, pois esperava a cidade bem alicerçada, cujo arquitecto e construtor é o próprio Deus. Pela fé, também Sara, apesar da sua avançada idade, recebeu a possibilidade de conceber, porque considerou fiel aquele que lho tinha prometido. Por isso, de um só homem, e já marcado pela morte, nasceu uma multidão tão numerosa como as estrelas do céu e incontável como a areia da beira-mar. Foi na fé que todos eles morreram, sem terem obtido os bens prometidos, mas tendo-os somente visto e saudado de longe, confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Ora, os que assim falam mostram que procuram uma pátria. Se eles tivessem pensado naquela que tinham deixado, teriam tido oportunidade de lá voltar; mas agora eles aspiram a uma pátria melhor, isto é, à pátria celeste. Por isso, Deus não se envergonha de ser chamado o «seu Deus», porque preparou para eles uma cidade. Pela fé, Abraão, quando foi posto à prova, ofereceu Isaac, e estava preparado para oferecer o seu único filho, ele que tinha recebido as promessas e a quem tinha sido dito: Por meio de Isaac será assegurada a tua descendência. De facto, ele pensava que Deus tem até poder para ressuscitar os mortos; por isso, numa espécie de prefiguração, recuperou o seu filho.
Leitura do Evangelho
Aleluia aleluia, aleluia
Ontem fui sepultado com Cristo,
hoje ressuscito convosco que ressuscitastes;
convosco fui crucificado,
recordai-vos de mim, Senhor, no vosso Reino.
Aleluia aleluia, aleluia
São Lucas 12,32-48
Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino.» «Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Arranjai bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável no Céu, onde o ladrão não chega e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.» «Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas. Sede semelhantes aos homens que esperam o seu senhor ao voltar da boda, para lhe abrirem a porta quando ele chegar e bater. Felizes aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar vigilantes! Em verdade vos digo: Vai cingir-se, mandará que se ponham à mesa e há-de servi-los. E, se vier pela meia-noite ou de madrugada, e assim os encontrar, felizes serão eles. Ficai a sabê-lo bem: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não teria deixado arrombar a sua casa. Estai preparados, vós também, porque o Filho do Homem chegará na hora em que menos pensais.» Pedro disse-lhe: «Senhor, é para nós que dizes essa parábola, ou é para todos igualmente?» O Senhor respondeu: «Quem será, pois, o administrador fiel e prudente a quem o senhor pôs à frente do seu pessoal para lhe dar, a seu tempo, a ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, quando vier, encontrar procedendo assim. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas, se aquele administrador disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir' e começar a espancar servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que ele menos espera e a uma hora que ele não sabe; então, pô-lo-á de parte, fazendo-o partilhar da sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou e não agiu conforme os seus desejos, será castigado com muitos açoites. Aquele, porém, que, sem a conhecer, fez coisas dignas de açoites, apenas receberá alguns.
A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido.»
Aleluia aleluia, aleluia
Ontem fui sepultado com Cristo,
hoje ressuscito convosco que ressuscitastes;
convosco fui crucificado,
recordai-vos de mim, Senhor, no vosso Reino.
Aleluia aleluia, aleluia
Homilia
«Não tenhas medo, pequeno rebanho, porque o vosso Pai tem prazer em dar-vos o Reino». Começa assim o trecho evangélico de Lucas (12, 32) que acabámos de escutar. São palavras que apresentam o cerne da pregação de Jesus, ou seja, a iminência do Reino. O administrador encarregado de chefiar a casa após a partida do senhor, certo que este não regressará tão cedo, começa a bater nos criados e nas criadas, a beber e a embriagar-se. Pode parecer uma cena exagerada. Na verdade, Jesus descreve uma situação frequente. Quantas injustiças e maldades diárias, pequenas ou grandes, fruto de uma arrogância difundida, tornam a vida difícil a todos! Maltratar uma pessoa, para além de ser um facto odioso por si só, é sempre uma violência que, mais cedo ou mais tarde se repercute também contra quem a realizou. É um comportamento análogo àquele de quem polui o ambiente. Apesar de julgar que não lhe diz respeito, prejudica-se também a si mesmo, uma vez que contamina o ar que ele mesmo respira ou o alimento que comerá. É o que acontece a quem torna difícil a vida do próximo. Faz bem o Evangelho a exortar à vigilância, a permanecer acordados, a não apagar a lamparina, isto é, a manter sempre acesa a Palavra de Deus. A vigilância, que se tornou coisa rara nos nossos dias, uma vez que estamos ocupados a satisfazer as nossas necessidades é, pelo contrário, essencial para a vida. Deixamo-nos sobrecarregar pelos nossos afazeres e pelas angústias. Mas o Senhor admoesta-nos: «Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração». Nesta afirmação está condensado o sentido da vida espiritual. O tesouro do discípulo é o Senhor, a Sua Palavra. E a nossa vida – seja a de todos os dias, seja a de toda a nossa existência – consiste na espera do encontro com Ele. Quem espera o Senhor sabe muito bem que não pode fechar-se em si mesmo nem nos seus interesses mesquinhos. Sabe que a sua verdadeira recompensa é o encontro com Jesus. Com efeito, a recompensa de que fala Jesus, que será dada a todos os que Ele encontrará vigilantes, é estonteante: o próprio senhor, ao regressar, torna-se servo dos servos, enverga as vestes, convida-os a sentarem-se nas almofadas da sala de jantar e serve-os. É o sentido de uma vida cheia, que só aqueles que estão vigilantes é que conseguem viver, não para si mas para acolher o Senhor.