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IV de Páscoa
Primeira Leitura
Actos dos Apóstolos 13, 14.43-52
Quanto àqueles, deixaram Perga e, caminhando sempre, chegaram a Antioquia da Pisídia.
A um sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se.
Salmo responsorial
Salmo 99 (100)
Nós somos o povo de Deus,
somos as ovelhas do seu rebanho.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
servi o Senhor com alegria,
vinde a Ele com cânticos de júbilo.
Sabei que o Senhor é Deus,
Ele nos fez, a Ele pertencemos,
somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
O Senhor é bom,
eterna é a sua misericórdia,
a sua fidelidade estende-se de geração em geração.
Segunda Leitura
Apocalipse 7,9.14-17
Depois disto, apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão. Eu respondi-lhe: «Meu senhor, tu é que sabes.» Ele disse-me: «Estes são os que vêm da grande tribulação; lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e servem-no, noite e dia, no seu santuário, e o que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais passarão fome nem sede; nem o sol nem o calor ardente cairão sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e conduzirá às fontes de água viva; e Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos.»
Leitura do Evangelho
Aleluia aleluia, aleluia
Ontem fui sepultado com Cristo,
hoje ressuscito convosco que ressuscitastes;
convosco fui crucificado,
recordai-vos de mim, Senhor, no vosso Reino.
Aleluia aleluia, aleluia
São João 10, 27-30
As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço-as e elas seguem-me. Dou-lhes a vida eterna, e nem elas hão-de perecer jamais, nem ninguém as arrancará da minha mão. O que o meu Pai me deu vale mais que tudo e ninguém o pode arrancar da mão do Pai. Eu e o Pai somos Um.»
Aleluia aleluia, aleluia
Ontem fui sepultado com Cristo,
hoje ressuscito convosco que ressuscitastes;
convosco fui crucificado,
recordai-vos de mim, Senhor, no vosso Reino.
Aleluia aleluia, aleluia
Homilia
O episódio ocorrido em Antioquia é uma advertência para todo o crente, para toda a comunidade eclesiástica e, porque não, também para aquela mentalidade individualista e auto-referencial que se está a afirmar cada vez mais. Pensar que já conhecemos o Senhor e que O possuímos, bloqueando assim a contínua chamada à conversão do coração que, todos os dias, nos exorta a superar os nossos confins, é contradizer o Evangelho e, no fundo, blasfemá-l'O. Viver seguindo Jesus e o Seu Evangelho, não é a segurança de uma pertença e nem a tranquila aquisição de uma predilecção antiga. Seguir Jesus implica um empenho na escuta e uma urgência de transformar o nosso coração. No Evangelho Jesus diz: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; Eu conheço-as e elas seguem-Me" (Jo 10, 27-30). Ser fiel ao Senhor significa escutar a Sua voz e segui-l'O todos os dias, para onde quer que Ele nos conduza. É o exacto contrário do estar sentados preguiçosa e orgulhosamente na sinagoga de Antioquia.
A quem O escuta e a quem O segue, promete a vida eterna: nenhum dos que O seguem se perderá, diz Jesus com a segurança de quem sabe que possui um poder mais forte do que o da própria morte. E acrescenta: "Ninguém vai arrancá-las da Minha mão". Trata-se de um pastor bom, forte e ciumento das próprias ovelhas. A vida dos que O escutam está nas mãos de Deus; mãos que não se esquecem e que sabem sustentar sempre. O Apocalipse representa o contrário do que aconteceu aos hebreus de Antioquia da Pisídia; a anunciação rompeu os limites austeros daquelas pessoas religiosas e projectou-se para o vasto mundo dos homens.
O Evangelho alarga o coração de todo o crente, porque corta a raiz amarga do egoísmo. No coração de cada membro daquela "multidão" de que fala o Apocalipse (estão incluídos também os que, sem o saber, estão animados pelo espírito de Deus) colhe-se a abrangência universal que sustém o próprio coração do Bom Pastor. Neste domingo, a Igreja exorta a rezar pelos sacerdotes e pela função pastoral deles. É uma oração que nos envolve a todos bem sabendo que todos nós, mas eles em particular, devem viver a tranquilidade de uma caridade universal própria do Evangelho cristão.